quinta-feira, 4 de junho de 2009

O desastre de Jânio Quadros


A vassoura como símbolo de campanha - Para varrer a corrupção no Brasil!


O visual em desequilíbrio


Política e Moda fizeram parte da minha infância e, ao longo da vida, construí nesses campos um imaginário, fruto da observação e reflexão, paralelo à educação formal. Por isso, após a aposentadoria como professora de Química, pude voltar-me, com mais atenção, a esses interesses - hobbies - na verdade, e comecei a ver que aquela diversidade, aparentemente desconectada profissionalmente, havia me proporcionado uma visão privilegiada para a análise da apresentação de personagens da Política. Assim fui percebendo a relação com o sistema Moda. Quem sabe não surgiriam informações importantes para aqueles que pretendem ou já fazem política nessa época da imagem em que vivemos?
Minha infância coincidiu com a efervescência da política brasileira, após a ditadura Vargas, quando as idéias eram mais importantes que as pessoas e os Partidos se desenvolviam a partir de ideologias. Falava-se em trabalhismo, comunismo, integralismo, parlamentarismo, socialismo e os políticos se destacavam em comícios através de seus dotes de oratória. Considerando os meios de comunicação da década de 50, a imprensa falada e escrita só poderiam se reportar ao debate das idéias apresentadas, já que as fotografias ilustravam as notícias e a aparência de um candidato tinha pouca importância. Tanto é verdade que, acompanhando meu pai e minha mãe ao aeroporto de Caxias do Sul, para receber o então candidato à Presidência da República, Jânio Quadros, espantei-me com sua má aparência - sim, eu vi seus ombros polvilhados de caspas - apresentada como mera excentricidade. Isto não o impediu, no entanto, de suceder à figura carismática e elegante de Juscelino Kubistchek (Presidente de 1956 a 1961).



O jornalista Augusto Nunes, relata tambem com espanto, a visita de Jânio Quadros, à sua casa durante a campanha eleitoral de 1961 e vale a pena acompanhá-la:

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/bau-de-presidentes/janio-quadros-um-sanduiche-depois-da-sobremesa/

Difícil acreditar que tal fato se repetisse, nos dias de hoje e, graças à minha sensibilidade estética, tive a audácia de anunciar, em casa, que Jânio Quadros, candidato da família, não receberia o meu voto. Seu visual não inspirava confiança e,infelizmente, o tempo me deu razão: seu desrespeito aos códigos estéticos, mas principalmente políticos e sociais foram desastrosos para o País, a tal ponto que ele renunciou, antes de completar sete meses de governo (31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961).

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